Ligia Lopes Fornazieri
1° de maio é o dia internacional do trabalho e muitos países festejam essa data em homenagem a uma manifestação de trabalhadores pelas ruas de Chicago, nos Estados Unidos, em 1886, que culminou numa greve geral que reivindicava o estabelecimento da redução da jornada de trabalho para 8 horas. Anos mais tarde, vários países começaram a adotar essa data como feriado nacional, ou apenas como um dia de comemorações.
No Brasil, essa data era lembrada pelos trabalhadores desde a Primeira República, mas apenas durante o Estado Novo (1937-1945), 1° de maio se tornou feriado nacional e era celebrado oficialmente.
A ligação entre o presidente e o povo era algo almejado e trabalhado pelo governo Vargas sob vários aspectos. A partir de 1937, ficou instituído um calendário festivo, que contava com as datas 19 de abril (aniversário do presidente Vargas), 10 de novembro (aniversário do Estado Novo) e a mais importante das festas que acontecia em 1° de maio e celebrava o Dia do Trabalho.
Essas comemorações tinham como objetivo aproximar Vargas e a população, já que uma das marcas de seu governo era a idéia de que não havia mais intermediários entre o presidente e o povo. Assim, foi criado logo no início do Governo Provisório (1930-1934) o Departamento de Imprensa e Propaganda que, entre outras atividades, publicava livros e revistas e organizava comemorações, espalhando a imagem de Vargas como protetor dos pobres.
O primeiro Dia do Trabalho festejado pelo presidente de forma oficial aconteceu no ano de 1938, quando Vargas fez um discurso ressaltando a importância do trabalhador para o país. Nessa mesma ocasião, o presidente anunciou o regulamento da lei do salário mínimo e estabeleceu um compromisso de sempre “presentear” o trabalhador nessa data.
Em 1939, a festa de 1° de maio foi transferida do Palácio Guanabara para o estádio de São Januário, aumentando, com isso, a capacidade para receber os trabalhadores. A partir de então, as cerimônias festivas passaram a ter um caráter ritual, sendo sempre uma comemoração de massas na qual o presidente se fazia próximo ao povo com promessas, exaltações da nação e com anúncios de novas leis e direitos.
Esses anúncios eram, na mesma medida, aguardados pelo povo e propagandeados pelo governo como fruto da grande sabedoria e bondade do presidente Vargas. Além disso, era passado aos trabalhadores, através dos discursos de Vargas, o comportamento que deveria ser seguido por eles.
Além dos discursos do Vargas, do ministro do trabalho e de outros membros do governo, havia a participação de bandas e cantores entoando hinos e músicas que exaltavam o presidente e sua ação governamental.
Todas essas comemorações já citadas faziam parte de um grande projeto de culto ao presidente e ao Estado Novo, criando mesmo uma espécie de mitologia em torno da figura de Getulio Vargas. Alguns autores colocam essa característica de propaganda como algo comum a governos totalitários e fascistas. Mas assim como é complicada a afirmação de que o governo Vargas era fascista, é certo que, no Brasil, a propaganda e o culto ao ditador não tiveram a mesma forma e nem a mesma eficácia que na Itália fascista de Mussolini e na Alemanha nazista de Hitler.
Ainda assim, é possível afirmar que as comemorações das datas contidas no calendário festivo do Estado Novo e os esforços de propaganda do Departamento de Imprensa e Propaganda foram efetivos e tiveram grande apelo entre o povo, estando até hoje no imaginário brasileiro.
Dica:
GOMES, Ângela de Castro. A invenção do trabalhismo. São Paulo: Vértice, IUPERJ, 1988.
foi muito bom oq vcs escreveram tiveram várias idéias e souberam arruma-lás e coloca-lás certo..
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Com a criação do salario minimo no dia do trabalho , o trabalhador passou a ser respeitado como ser humano e não como escravo dos patrões